Alergia e Imunologia
O que são?
Alergia
Consiste em resposta exagerada do sistema imunológico que se manifesta após contato com alguns elementos, mais conhecidos como alérgenos inalantes (pólens, ácaros, fungos, epitélios de animais), ferroadas de insetos, alimentos e medicamentos.
Algumas alergias apresentam caráter genético e/ou hereditário e outras podem ser desencadeadas pelo contato ou sensibilização ao longo da vida. Podem envolver qualquer parte do corpo, sendo mais prevalentes nas vias respiratórias, olhos, pele, trato gastrointestinal e mais raramente reações generalizadas como as reações anafiláticas.
Imunologia
É o estudo das respostas imunes (protetoras) que ocorre após nosso organismo entrar em contato com patógenos (vírus, bactérias ou parasitas), moléculas estranhas ao nosso corpo ou até moléculas presentes em nosso organismo que devido algum erro ou desregulação do nosso sistema imunológico deixa de as reconhecer como próprias.
Algumas pessoas nascem com o sistema imunológico deficiente e desenvolvem as chamadas Imunodeficiências Primárias (IDPs).
As IDPs são doenças genéticas do sistema imunológico que acarretam maior suscetibilidade a infecções. Atualmente existem os chamados "sinais de alerta para as imunodeficiências primárias" que quando presentes devem ser investigados pelo médico imunologista.
 
1.	Duas ou mais Pneumonias no último ano
2. Quatro ou mais Otites no último ano
3. Estomatites de repetição ou Monilíase por mais de dois meses
4. Abscessos de repetição ou ectima
5. Um episódio de infecção sistêmica grave (meningite, osteoartrite, septicemia)
6. Infecções intestinais de repetição/diarreia crônica
7. Asma grave, Doença do colágeno ou Doença autoimune
8. Efeito adverso ao BCG e/ou infecção por Micobactéria
9. Fenótipo clínico sugestivo de síndrome associada a Imunodeficiência
10. História familiar de Imunodeficiência
Adaptado da Fundação Jeffrey Modell e Cruz Vermelha Americana
1.	Duas ou mais novas Otites no período de 1 ano
2. Duas ou mais novas Sinusites no período de 1 ano na ausência de alergia
3. Uma pneumonia por ano por mais que 1 ano
4. Diarreia crônica com perda de peso
5. Infecções virais de repetição (resfriados, herpes, verrugas, codiloma)
6. Uso de antibiótico intravenoso de repetição para tratar infecção
7. Abscessos profundos de repetição na pele ou órgãos internos
8. Monilíase persistente ou infecção fúngica na pele ou qualquer lugar
9. Infecção por Micobactéria turbeculosis ou atípica
10. História familiar de Imunodeficiência
Os principais tipos de Alergias
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Rinite alérgica
Doença inflamatória crônica do nariz, desencadeada por alérgenos inalantes (pólens, ácaros, fungos, epitélios de animais), infecções virais ou bacterianas, frio, tempo seco ou úmido, mudança de temperatura e irritantes (fumaça de cigarro, queimadas, cosméticos e produtos de limpeza).

Acomete cerca de 20 a 30% da população mundial. Os sintomas mais comuns são espirros, prurido (coceira), obstrução nasal e coriza.
Asma
Inflamação crônica das vias aéreas respiratórias; comum e potencialmente grave, representada por sintomas respiratórios como: tosse, dispnéia (falta de ar), chiado e opressão torácica.

Podendo gerar limitações das atividades diárias com prejuízo na qualidade de vida. Em casos mais graves, pode ser fatal.

Acomete cerca de 300 milhões de pessoas no mundo com mortalidade estimada de 250 mil mortes por ano.
Conjuntivite alérgica
Alergia ocular que acomete mais de 40% da população e caracteriza-se por: olhos vermelhos, lacrimejamento, inchaço nas pálpebras e fotofobia (sensação de sensibilidade ou aversão a qualquer tipo de luz).

Na maioria dos casos, está associada a rinite alérgica, configurando a rinoconjuntivite alérgica.
 
Dermatite atópica
Doença inflamatória da pele, crônica e recidivante, acomete principalmente crianças e adolescentes com história familiar de atopia (tendência a desenvolver manifestações alérgicas). Os principais sintomas são ressecamento e coceira intensa da pele, além de lesões eczematosas.

Compromete significativamente a qualidade de vida dos pacientes e de sua família, com prejuízo no desempenho escolar e na qualidade do sono; além de constrangimento decorrente do aspecto da pele, levando a grande instabilidade emocional.
Urticária
Cerca de 20% da população mundial apresentará urticária em algum momento da vida. Se manifesta com lesões de urticas ("empolações") avermelhadas na pele, que coçam muito e incomodam bastante. Podem ter tamanhos diferentes e se agrupar formando placas, com duração média de 24 horas, e quando se resolvem, geralmente não deixam marcas ou cicatrizes.

As mesmas lesões podem reaparecer em seguida, em outras partes do corpo. Em algumas pessoas, a urticária pode vir acompanhada de angioedema ("inchaço"), mais comum em pálpebras e lábios.

Existem dois tipos de urticárias:
Aguda - duração menor que seis semanas;
Crônica - duração igual ou superior a seis semanas.

Diversos são os fatores envolvidos na gênese da urticária; a história clinica detalhada associada a alguns exames complementares podem ajudar a esclarecer as causas.
Mastocitose
É caracterizada por proliferação e acúmulo de mastócitos em um ou mais tecidos, incluindo pele, medula óssea, fígado, baço e linfonodos. A incidência e prevalência dessa doença na população geral são desconhecidas.

A idade de surgimento possui dois picos: primeira década e por volta da quarta década de vida, sendo a pele o órgão mais acometido (mastocitose cutânea).

Pode ocorrer comprometimento extracutâneo (mastocitose sistêmica) se apresentando desde formas leves até mais agressivas (sucessivas reações anafiláticas), com disfunção de múltiplos órgãos e diminuição da sobrevida.
Dermatite de contato
Reações inflamatórias agudas ou crônicas às substâncias que entram em contato com a pele. Podem se apresentar por alterações na coloração da pele, acne, urticária e principalmente eczema; em áreas próximas ou não do contato com o alérgeno ou irritante.

Os agentes mais frequentemente envolvidos são: substâncias encontradas em cosméticos, produtos para unhas e cabelos, níquel (bijuterias), materiais usados na construção civil (cimentos), couros, borrachas, dermatite da fralda, sabões e detergentes.
Reações alérgicas causadas por venenos de insetos
Podem ser causadas por ferroadas de insetos pertencentes às famílias das abelhas (Apidae), vespas (Vespidae) e formigas (Formicidae). As manifestações clínicas decorrentes das ferroadas podem ser reações tóxicas ou alérgicas.

- As reações tóxicas podem ser locais ou sistêmicas. As locais tendem a se resolver em 24 horas e são caracterizadas por calor, inchaço e dor no local da ferroada. As sistêmicas são causadas pelos efeitos de grandes quantidades de veneno injetado após múltiplas ferroadas, simulando reação anafilática;

- As reações alérgicas podem ser locais, extensas ou anafiláticas. As locais são caracterizadas por inchaço, dor, vermelhidão no local da ferroada e tendem a durar mais de 48 horas. As extensas caracterizam-se por uma área maior de acometimento e podem cursar com infecção secundária da pele. As reações anafiláticas podem ser fatais e acometer diversos órgãos e sistemas.
Esofagite eosinofílica (EoE)
É uma doença inflamatória do esôfago, constituindo atualmente a causa mais prevalente de esofagite crônica após doença do refluxo gastroesofágico. É a principal causa de disfagia (dificuldade em engolir) e impactação alimentar em crianças e adultos jovens.

O diagnóstico de EoE baseia-se principalmente nos sintomas clínicos (dor abdominal, impactação alimentar, disfagia, vômitos, baixo ganho pôndero-estatural); na avaliação do esôfago (através de endoscopia com biópsia e histologia) e na exclusão de outras doenças que possam acarretar eosinofilia esofágica.

A esofagite exige acompanhamento do alergista pois pode ser necessário para o seu tratamento, além do uso de medicamentos, a exclusão de grupos alimentares na dieta do paciente.
Alergia Alimentar
Alergias alimentares são reações do sistema de defesa (imunológico), contra proteínas presentes em um alimento, reconhecidas como "inimigas" pelo organismo. As manifestações podem ocorrer em minutos, horas ou dias após a ingestão do alimento.

A suspeita inicial de alergia alimentar acontece quando o paciente apresenta sintomas compatíveis com alergia por ocasião da ingestão ou contato com um determinado alimento, e tal reação deve ser reproduzida caso haja novo contato com o alimento suspeito. Como o espectro de sintomas é muito variável (manchas na pele, inchaço de olhos/boca, diarreia, vômitos, entre outros) e comum também em outras doenças (intolerâncias, reações a alimentos deteriorados), é muito importante a consulta com o especialista, que poderá, conforme o caso, solicitar exames específicos para auxiliar o diagnóstico.

Os únicos testes que realmente comprovam a alergia, no entanto, são os testes de provocação oral, realizados em ambiente apropriado e sob supervisão do médico, que avalia possíveis reações após a ingestão do alimento.
Anafilaxia
Reação alérgica sistêmica grave, com caráter imediato e potencial de mortalidade, ocorrendo subitamente após contato com substância ou agente causador de alergia.

A anafilaxia é altamente provável na presença dos seguintes critérios:

- Início repentino de sintomas envolvendo pele, mucosa ou ambos (urticária generalizada, prurido, rubor, edema de lábios, língua, úvula) associado a pelo menos um dos seguintes sinais e sintomas (dispnéia, sibilância, tosse, estridor, hipoxemia, queda repentina da pressão, incontinência, palidez, dor abdominal, vômitos); ou

- Hipotensão arterial depois de minutos a várias horas da exposição a um alérgeno conhecido

A base para o sucesso do tratamento é a rápida identificação do quadro. Portanto, o paciente deve se dirigir ao hospital imediatamente após o início dos sintomas.
Reações Adversas a Medicamentos
AAs reações adversas a fármacos (RAF) podem ser classificadas em reações de hipersensibilidade ao fármaco (RHF) que podem ser de natureza alérgica ou não-alérgica e representam cerca de 15% das RAF, ou reações nas quais o sistema imunológico não está envolvido - como nas intolerâncias, nas reações idiossincrásicas (ocorrem por inibição de alguma enzima), reações tóxicas ou relacionadas a superdosagem.

As reações alérgicas - mediadas por mecanismo imune - não são previsíveis, podendo ser graves, com necessidade de internação hospitalar prolongada e até mesmo fatais. Os principais medicamentos envolvidos são analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos. São comuns os erros na classificação das RHF, levando ao superdiagnóstico (podendo levar à exclusão desnecessária do medicamento, com diminuição das opções terapêuticas, e ao uso de fármacos alternativos ineficazes e/ou de custo elevado, podendo ainda gerar resistência do patógeno) ou subdiagnóstico (quando as reações não são identificadas e documentadas podendo expor o paciente a situações de risco como uma anafilaxia).

Dessa maneira, é imprescindível a avaliação do alergista/imunologista frente a algum caso de reação de hipersensibilidade a medicamentos; pois é o especialista capaz de avaliar, diagnosticar (através da história clínica direcionada e testes específicos - laboratoriais e "in vivo" e de provocação) e conduzir o caso, confirmando, excluindo ou ofertando um fármaco alternativo com mais segurança.
Qual é a importância de tratar com um médico especializado?
Aproximadamente 35% da população brasileira apresenta algum tipo de alergia (OMS), e cerca de 330 imunodeficiências primárias já foram relatadas, procurar por um profissional especializado e treinado para manejar doenças alérgicas e imunológicas, é essencial para o seguimento dessas patologias.
Vários são os fatores envolvidos na formação das doenças alérgicas e imunológicas; são patologias complexas, muitas vezes raras (principalmente as imunodeficiências) e crônicas, mas a grande maioria apresenta tratamento, com melhora na qualidade de vida dos pacientes e familiares. Somente um profissional especializado nessa área (Alergista/Imunologista) está apto a cuidar desde a prevenção, até o diagnóstico e tratamento dessas doenças.
Quando procurar um Imunologista?
Pacientes que tenham apresentado infecções de repetição ou mesmo infecções graves, com complicações ou necessidade de internação, devem consultar um imunologista. Além disso, várias doenças causadas por falhas na resposta imunológica possuem caráter genético, assim, se houver algum caso de imunodeficiência primária na família é importante que os demais familiares sejam avaliados por um imunologista.
Quando procurar um Alergista?
• Apresentar sintomas alérgicos nasais, respiratórios e oculares;
• Apresentar sintomas alérgicos na pele;
• Apresentar episódios de alergia alimentar;
• Após reações adversas a medicamentos;
• Após quadros de anafilaxia.
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